SONETO A VELHICE.
Veio-me a velhice, a mdrugada da vida,
No curso, rio, onde estupefáto vamos,
Acumulando horas mortas de cada dia,
Como a solidez da lua a contemplamos.
E doi! Pesa a pose que dantes detinha,
ainda leve ser os sonhos que sonhamos,
Fanados ao tempo que de mágoas não cabia,
Nem nos olhos, nem nas mãos que possuiamos.
Tocou-me onde eu de mim desvencilhamos,
O que serei, após ser o que fui? O que seria?
Esquivando-se daquilo que nos tornamos.
Assumindo o curso, o rio, continuamos,
Temendo os sonhos a fúria nostálgia,
Do passado tão recente do que fomos.