A musa das lágrimas.
Oh, bela musa das lágrimas que tocaram a face alva,
Por que choraste pela vida inteira e continuastes bela?
Quem te deixou em pranto enquanto tu rezavas salva
Dos artistas que tentavam te levar para uma tela?
Eu roubei-te o rosto e desenhei-o aqui, nestes versos,
Mas não esqueci de chorar as tuas adoradas lágrimas
Durante o tempo em que me inspirastes, desde o berço
Até a declinação do amor diante do fracasso das rimas.
Por que a tua dor não me destrói, mas machuca o peito?
Será que a tua beleza me fascina tanto a ponto de me afagar,
Apesar da dor que me causa toda vez que te vejo em meu leito?
Estas letras são como a luz do Sol, elas não vão se apagar,
Mas morrerão e renascerão, como o dia e a noite e os feitos
Dos homens na história, numa sucessão entre trevas e luz a se propagar.