A triste solidão.
O meu peito, feito ferro em brasa, queima frio
Com uma paixão ardente pelo coração
Da donzela indecifrável e que, com brio,
Faz da minha fantasia uma fonte de emoção.
O tempo corre devagar, enquanto tento sugar
Toda a nostalgia de um tempo em que passei
Amando uma flor que raiava como o sol no ar,
Mas cujo coração foi roubado por outro, pelo que sei.
Então, por que viver, se ninguém se importa?
Será a fantasia a minha amante que me mantém
Num estado de transe entre a vida e a morte?
Não sou mais pálido do que a pele da musa morta,
Que morreu de tristeza no triste deserto que além,
Muito além, paira nas redondezas da solitária sorte.