Círio humano
É o medo, que une tudo que é humano,
Da morte que faz nos sentir humano.
Quem diz que não tem medo, dá medo,
Ou é um deus ou é apenas um arremedo
De homem, mas lá no fundo ele teme,
Por isso finge que tem seguro o leme;
E esse seu medo fica meio escondido,
Somente surgindo quando já rendido
Pelas circunstâncias, para ele se revela
E toda a pompa mentirosa se desvela;
Nessa hora, homem é homem somente.
Não há como, diante da morte, uma mente
Fingir que, dentro de si, não se lamente
De sua vida se apagar como uma vela.