FUNERAL BLUES

A cada dia sei que apodreço,
Definha minha carne lentamente,
Em pó os ossos vão-se de repente,
E pouco a pouco, tudo me esqueço.

Enruga-se a face s’adereço,
A graça, o viço, a força sutilmente,
Deixaram-me; e, deixou-me indiferente,
Sem pressa, sem presteza, sem apreço...


E mesmo a luz do sol, quando alumia,
E aquece o meu corpo por completo,
Prefiro a luz da lua, à noite fria...


Pois esta é a realidade que é  mais pura;
Não resta nada mais – nem um afeto –,
E o que me aguarda agora e a sepultura...


06/06/12
Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 23/07/2012
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T3793820
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