O VOO
De pelagem escura no dorso,
a cadela vestida de monja
desta vida curtida no esforço,
sem cuidado, carinho ou lisonja...
penetrou-me seus dentes agudos
e atingiu-me no cerne, na essência;
aos ladridos famintos e rudos,
cravejou-me de medo a dolência.
Mas a águia da impávida ação
do que nada possui a perder
esvoaçou a levar-me sangrando.
E salvando-me dessa agressão,
demonstrou que o canino viver
não ataca o que o passa voejando.