O VOO

De pelagem escura no dorso,

a cadela vestida de monja

desta vida curtida no esforço,

sem cuidado, carinho ou lisonja...

penetrou-me seus dentes agudos

e atingiu-me no cerne, na essência;

aos ladridos famintos e rudos,

cravejou-me de medo a dolência.

Mas a águia da impávida ação

do que nada possui a perder

esvoaçou a levar-me sangrando.

E salvando-me dessa agressão,

demonstrou que o canino viver

não ataca o que o passa voejando.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 23/07/2012
Reeditado em 23/07/2012
Código do texto: T3793058
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