Cântico da Morte
Em cada verso meu transpõe funéreo
O préstito final das minhas dores;
— A minha lira é um negro cemitério!
Onde os meus versos são os corredores;
Cada palavra um túmulo cimério,
— Sepulcro d'elegíacos amores —
E, no papel qual mármore cinéreo,
Talho epitáfios, féleos dissabores.
Do verso, como um lúgubre coveiro
Preparo o abrigo eterno e derradeiro,
Para fazer de um sonho, a inumação...
E, nesse cemitério mortuário,
Pia a gemer um mocho solitário,
— O mocho do meu velho coração!
29 de Junho de 2012
*Versos decassílabos.