Soneto da esperança
SONETO DA ESPERANÇA
Se nesse egrégio argênteo espelho que figura
realçando do sul um marulhar soturno,
murmure embora versos esse vate taciturno,
amargura-me o coração nossa fonte viva e pura
perder-se,sem brindar aos amantes a ternura
de um beijo com ornatos de sal,viço noturno;
encarceramos com o grilhão de ódio, com agrura
a natureza; espalha-se o fel enquanto durmo.
Mesmo que em fúria desmedida,
enlameado ao temporal violento
espalhe meus sonetos pelo mundo,
aqui tomba a esperança fenecida;
mas nosso mar há de vazar o tempo
e alguém fará mil versos mais fecundos!