Importância relativa ou Soneto corporativo
Por entre armários, cadeiras e mesas
surge o tal funcionário de escritório,
um incógnito de suspensório
que quase se desmancha em gentilezas.
É esguio e triste e tem os olhos baços
esse Quixote dos ventiladores,
tal como sombra pelos corredores
protagoniza só os seus cansaços.
Ali tudo são acessórios: penas,
vasos, flores e luzes da ribalta;
pouco interessa a foto do mecenas
e pouco importa aquela loira alta
que é secretária do chefe. Apenas
da moça do café sente-se a falta.