NUNCA-SEMPRE

Não posso preferir amanhecer

O quase pensamento do sentido,

Se o nunca foi desejo permitido

Aos sentidos que a vida me fez crer.

Não posso ler o verso sem saber

Que tudo sempre mora no vivido;

Sorrir ao perceber que o nunca lido

É nova sensação de perceber.

Encosto nos meus livros na varanda,

O samba nas beiradas do jamais

Com aromas noturnos de lavanda.

E fundo meu dizer com meu olhar,

Quase dito no céu, chegando ao cais

Do poema sem ser e sem estar.