Caverna

Olhar e não dizer, olhar somente,

Sem medo, sem receio, sem certeza,

Como se tudo fosse natureza

Mesmo artificial e indiferente.

Poder, depois de olhar... inconsequente,

Deixar acontecer, deixar acesa

Um quarto de um olhar na correnteza

E a metade de ser, no estar frequente.

Como ser sem julgar e ser o olhar

Que sorri no mistério a luz celeste

Ao mexer nas gavetas sem cismar?

Quando o Outro desfaz e nos entrega

Aquilo que na sombra, jamais veste,

Poderia ser o olhar a luz que cega?