Espelho

Vejo árvores imensas meio à bruma

Envoltas num véu torpe de negror.

São turvas qual minh'alma, que s'esfuma,

E tristes qual meu peito imerso em dor.

A escuridão em tudo se consuma,

A Natura coberta está de horror

E uma nuvem sombrosa ao céu inuma

Chorando junto a mim o meu langor.

Tão escuro está tudo que circunda!

Ah!, como em tudo vejo dor profunda!

Como em tudo ressona meu bramir!

Oh! soturna e luctífera Natura,

Quão mais negro teu rosto me afigura,

Mais parece minh'alma refletir!