A Pipa Solitária

"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria."

(Gregório de Matos Guerra)

Nos suspiros febris daquele vento,

Uma Pipa caía... Mas que assombro!

Ninguém para apará-la, nenhum ombro...

Somente a estrada e seu ressentimento.

Testemunha era o baço Firmamento

Daquela solidão... Daquele ensombro!

Como se ali caísse sobre escombro,

A Pipa via o chão com vil lamento.

Enquanto isso... Queimava o Sol ardente;

Enquanto isso... Cantava o lindo dia

Deitado à terna Graça d'um palhaço.

A Pipa então tocou o chão, plangente.

E ao pensar ter perdido a tirania...

Viu a estrada render-se ao seu fracasso!

*Decassílabos no ritmo heroico

08/07/2012

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Avistou meu pai aquela pipa caindo e estranhou... Estranhou, pois não viu ali nenhuma infante a correr atrás daquela pipa... Ah! As Pipas! Elementos tão idolatrados e aquela Pipa ali, caindo à solidão de uma estrada erma... E foi deste fato que parti para mais uma metáfora da Vida, em que, inesperadamente, seres tão glórios veem-se entregues ao anonimato, porém há sempre um herói que nos levanta... Há sempre uma mão, um sorriso, uma estrada...

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 08/07/2012
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T3767650
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