DESATINO - UM SONETO
Da vida nada levo ha não ser o lamento
Posto que entreguei ao amor o meu destino
Vivi ao sabor do vento, na esperança vã
De achar felicidade num sonho cabotino
Amei como se deve amar, inteiramente
Nada medi e cego me embebi do seu fascínio
Ignorei perigos, andei no escuro, tudo joguei
A sorte me faltou, menos a dor que ora rumino
Da mágoa de não ser amado nunca estarei imune
No entanto, o tormento da saudade que me pune
É aceitável, pois nas suas sombras, descortino
O sentimento que não quero que se finde sem ter sido
Esta espera mórbida que bate no coração sempre doído
Obra deste amor enlouquecido que é puro desatino!