Utópicos
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Eu que não quero, com mistério quase trôpego,
desvirginar a ilusão do que não fôramos,
entrego-me a esses ditames de vil zíngaro.
Não sou o que fui nem serei, nunca, o que não éramos.
Meu corpo, eita! Só quer rejeitar restos da vérmina
quase ultrajante vomitada por mim, vítima!
Ele se pega como cânfora, sendo âncora...
Ele agoniza, sim, minh’lma triste, atônita.
Sou esbanjador – esbanjo dor, sou falso pândego.
Minhas cerradas doces pálpebras são têmperas
irrelevadas do fracasso: seu amor tépido.
Amor não gratuito que me veio como empréstimo
Dívida fútil! Inútil labuta... Fim: alfândega.
Amores frágeis, vícios ágeis... Mãos efêmeras.
Juazeiro do Norte-CE, 22 de junho de 2007.
10h46min