Frágil caramujo
Olha esse menino que se pensa homem diante do avalista:
Julga que o destino é o que faz com que tomem tudo o que conquista.
Só que esse marujo longe do farol na hora da borrasca
É só um caramujo que ama a luz do sol... Mas que nasceu sem casca!
Frágil, doce e puro, doa – sem reserva – tudo o que lhe é caro,
Como o nascituro que sua fé conserva mesmo ao desamparo.
Tão desprotegido, nu, inteiro e entregue, dá-se à luz do sol
Pra que o amor bandido seu veneno empregue no maldoso anzol.
Doce caracol, não tendo em tua trilha o mal que está no mundo,
Tens por rouxinol o que faz de armadilha o canto nauseabundo,
Tornas tudo em torno belo como a essência desse teu sentir
Cuida-te, menino! A vida não reflete toda a tua pureza!...
Guarda teu destino: não só quem promete é que te traz certeza.
Faz do auto-retorno – e não de tua carência – a fonte do existir!
("Gérard, l'escargot fragile"
Pour mon Empereur des Sonnets)
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