De profundis
Na minha independência eu não gritei,
Como sabes de mim, apenas lhe imitei.
Descer aos poços da alma é um suplício...
Nem sei como ainda não é o meu ofício!
A dor de um dedo cortado não se iguala,
Pois a alma é que pesa como uma mala;
E igual uma âncora que prende ao fundo,
Sou eu que solenemente por ti me afundo.
A vida toda passa em nosso pensamento,
E como parece nos atrair um passamento,
Sofrer se torna carta magna do momento.
Os nossos caminhos desviados e perdidos,
Tudo que construí ao teu lado, escorridos
Nos meus olhos lacrimosos e escondidos.