O Anjo

As moradas angélicas procuro

No estudo da Cabala e da Alquimia,

E vou lendo tratados, noite e dia,

Com luz do lampião no tampo escuro.

Olhava na gravura, o anjo puro,

Parece que das páginas tecia

O olhar em desencanto, pois sabia

As coisas do presente e do futuro.

E sai do livro gasto, me dizendo:

“- Por que querer o céu se vive crendo

Que o céu é cidadela exterior?”

“- Não vê que cada átomo da estrada

É Deus, que ao se vestir, não disse nada

Aos seres que O procuram no supor?”