Indizível
Queria era falar e não ter pressa,
Escutar, meditando cada nota
Da fala suspirada que alvorota
E derrete-se no peito. Não impeça
O puro sentimento que atravessa
O cálculo da letra. Assim denota
O sopro que o sentido sempre embota
À carne da palavra. A alma dessa
É vinho desejado no banquete;
Seu isto vai marcado numa pluma,
E a língua vai descendo-lhe o porrete
Numinoso, se o verso foi descrito
Àquilo que não tem palavra alguma
Que possa ter morado no infinito.