Élan

A vida, quanto mais nesta prefira,

Mais o sonho que por ela eu venho,

Me toma da razão, toma do engenho,

E põe outra razão que, só, delira.

Não olha no destino se já tenho

Razões de duvidar, razões prefira

À vida que falece quando tira

O tudo que na alma tem empenho.

E segue transtornando-me a passada,

As poças refletindo a intenção

Que transborda o mistério da jornada.

Não cessa de porquês minha certeza,

Se o mundo se desfaz na sensação,

Como a vida encontrar na natureza?