Soneto pra poesia
Soneto pra poesia
Dos primeiros traguinhos não me esqueço,
Minha vida, por ela é injetada;
Com seu cheiro inalado eu desconheço
Um prazer que supere o da danada;
Quando lúcido, tomo e enlouqueço;
Quando louco, se paro, eu sou um nada.
Entre lúcido e louco, eu amanheço
Traficando e ingerindo essa malvada.
Meu cigarro traz paz em demasia,
Não se rima ou se compra em todo canto;
São sonetos que um velho pai fazia.
Viciei-me, e por isso bebo tanto...
Essa droga que eu uso é a poesia,
Que alucina encantando o desencanto.
Galdêncio Neto