O Olhar

O fundo em que me vês, não é tão certo

Como quando a beirada quis o mito

Pranteado na jornada, o mesmo grito,

Que se perde da essência quando perto.

Os olhos que me olham têm atrito

E secundam o olhar que está deserto,

Pois quem vê, vive o outro descoberto,

Sem saber das camadas de granito...

A sombra que dá nome à madrugada,

Disfarça de alegria e tece o linho

Da brancura de olhar e não ver nada.

Eu jamais saberei quem vai ao lado,

Se os olhos que me seguem no caminho,

São os mesmos que estão engaiolados.