Ressaca
Na solidão dolorida e silenciosa das horas vagas,
Olho o mar e o vai-e-vem eterno das suas vagas;
Penso na sorte de não ter a vida cheia de mágoas
E saber que nessa vaga vida tu nunca me magoas.
O som nessas horas minhas é o que não se destoa,
Deixando vagar minha mente e me mantém à toa;
Assim eu vou remoendo pensando se me perdoas
Por ter partido teu coração igual como amêndoas.
Vagando na solidão sou igual um barco à deriva,
Olho e não vejo motivo de ter ao lado alma viva;
Isso, eu sei, é uma alegria que a solidão me priva.
As vagas vêm e vão e fazendo espumas de sabão,
Que de inconstantes não fazem nenhuma duração;
Diferente desse vago sentimento em meu coração.