Jardins do Monastério
Acordes de Jardins do Monastério
perpassam pela noite em acalanto.
Como ralo que sorve o sal do pranto,
bebo o vento que venta em vitupério.
Fermentam madrugadas nesta taça
de meu vinho impregnado de mistério.
Minha boca só ri seu riso sério,
por ser contrafação da própria graça.
Evaporam-se sombras e, entretanto,
já não sei qual rima nutre o espanto
que desfolha em neblina a opacidade.
Eu engasgo com cristais de claridade
e sinto que eu mesmo sou minha ameaça
que oscila entre a ventura e a desgraça.