MINHA MÃE
Em meio às flores, no caixão, na sala,
Olhei a minha mãe ali dormindo
O sono que tornou-se, então, infindo.
P´ra sempre se calou. Perdera a fala.
Contudo, parecia estar sorrindo.
Talvez pedindo p´ra não acordá-la,
Pois onde está, por certo, alguém a embala
Para dormir p´ra sempre um sono lindo.
Co´ as mãos cruzadas, frias, sobre o peito,
Ao fitá-la, a seu lado, ali sem jeito,
Eu queria chorar. Fui indeciso,
Porque meu pranto a deixaria triste
Ante à beleza que, por certo, existe
No Céu, junto de Deus, no Paraíso.
(22.10.1996)