Baldoso

Entrego o corpo à cama, olhos umedecidos.

Uma fina película entre a pálpebra e a menina,

Separa indelével o visto do percebido.

Quem seria esse bardo de versejo chucro,

Que se esquiva do amor, finge-se de bruto?

Tornei-me seletivo, por vezes encabulado.

Não me convenço com uma palavra.

Preciso de um verso, mais que uma oração.

Não me tabulem, parem com maldades!

Quero da pronuncia só a verdade.

Tal como o grão, antes de ser moído,

Prefere ser esquecido ao chão do plantador,

Quero que me esqueças, ignore minha dor.

Por mais belo que se ofereça. É só prece de um fingidor.