Insana hegemonia
Quem me dera escutar o que não ouço,
Nesta esfera sem som que me conduz...
Fico mouco a oscilar num calabouço,
Onde imploro qualquer sombra de luz.
Se não sinto essa chama no arcabouço,
Co’ essa estrela sem cor que não reluz,
Nos meus versos insanos sem balouço...
— Ó tristeza que arqueja em anos-luz!
Se minh’alma não sente essa harmonia,
Nem a nobreza, qu’é embalde à natureza,
— Qual sidéreo que inflama minh’agonia...
Como posso engendrar sem essa destreza,
Se o mistério na insana hegemonia —
Não me deixa enxergar tal profundeza?
Paulo Costa