Insana hegemonia

Quem me dera escutar o que não ouço,

Nesta esfera sem som que me conduz...

Fico mouco a oscilar num calabouço,

Onde imploro qualquer sombra de luz.

Se não sinto essa chama no arcabouço,

Co’ essa estrela sem cor que não reluz,

Nos meus versos insanos sem balouço...

— Ó tristeza que arqueja em anos-luz!

Se minh’alma não sente essa harmonia,

Nem a nobreza, qu’é embalde à natureza,

— Qual sidéreo que inflama minh’agonia...

Como posso engendrar sem essa destreza,

Se o mistério na insana hegemonia —

Não me deixa enxergar tal profundeza?

Paulo Costa

Pacco
Enviado por Pacco em 14/06/2012
Reeditado em 10/05/2024
Código do texto: T3723205
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