Reflexo d’m espelho
Reflexo d’m espelho
Quando o mar acolheu meus sonhos
Fê-lo com um carinho quase profano
Levou-os aos ósculos e então suponho
Afogo-os com cruel sorriso insano
Ondas traiçoeiras num vai e vem risonho
Encobre-os nos corais onde chora o cigano
Num convulsivo pranto dorido e tristonho
No desterro entre as águas do desengano
Se navega entre algas, não os vejo
Busco-os, no entanto, nada encontro
Apenas... a agonia atroz do desencontro
Ah, como posso viver o que tanto almejo
Se me perdi procurando rastros apagados
Virando reflexo d’m espelho encantado.
Norma Bárbara