PREAMAR
Como se fosse o mar, assim o amor,
vasto, inconstante e muito perigoso;
jamais conhece, do ir e vir, repouso
e quando encrespa – que avassalador!
Se brilha ao sol, reflete azul formoso
ou bem confunde e mostra verde cor,
e sobre nós dispõe, só por dispor,
pois nos atrai ao seu deleite e gozo.
E o mar cuja canção nos delicia
– o marulhar das ondas sobre a areia,
num forte estrondo, o choque nas falésias –,
revela sobre amar verdades régias,
– senhor desse poder que nos alteia –
de amar:– essa tristeza, essa alegria...
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