Obituário
Obituário
Jorge Linhaça
Já não possuo o viço dos versos
Foi-se o meu estro minguando na fonte
Meu horizonte findou-se de presto
Hoje o meu resto é puro afronte
Pó sobre o monte, no vento disperso
Micr’universo do meu desaponte
Ao horizonte meus olhos empresto
E me apresto a sumir sob a ponte
Resta-me a angústia da obra inconclusa
Que ninguém usa nem lembra que existe
Ao meu funeral furtou-se a musa
Foi-se a eclusa num poema triste
Máscara em riste o néscio me abusa
Mente obtusa em que o riso persiste
Salvador, 9 de maio de 2012.