O Machado e a Pena

“– Eu firo a lenha verde, o tronco sujo.”

Gargalhava o Machado para a Pena.

“– E vós de fragilíssima verbena,

Apenas se despeita em garatujo.”

“– Eu rasgo da floresta, o galho cujo

Destino vai servir de folha plena,

Ofertando o papel que te condena

A ser eternamente um caramujo.”

“– Sou lenta, bem o sei”, a Pena disse.

“– Me vê no desserviço, nem importa.”

“– Quem sabe seu saber nos definisse

O sentir da emoção que nos aflora

Ao olhar o talhe bruto que nos corta,

Quando o pranto revela-se da flora.”