Inverno II
O frio devagar vem chegando,
Entrando pelas fendas do mundo em filete,
Corta a beleza das cores com afiado estilete.
Ai,da crosta!O verde esta desmanchando,
Enquanto as pérolas que estão no céu resfriando,
Descem pesadas ao solo,tramando o alvo tapete,
E o inverno desenha com gestos frios,seu fúnebre bilhete,
Para as flores se retirarem dos campos mornos sonhando.
As flores restantes são alvas como as neves,
Camufladas por véus polares,não leves
Ao receber o estigma crivo mortal nos punhos.
A natureza do ar invernal se torna escrava,
Figura no palco já pálido em que antes estrelava,
Extinguido-se triste ao fundo diante dos frios testemunhos.