DOÇURAS

Final de outono, neste quase inverno!

O tempo triste finge ser eterno,

como se eterno o tempo sempre fosse,

quando a visão da luz se faz mais doce.

Na tarde, quando chega a hora escura,

descobrem-se as estrelas lá na altura.

A voz do coração, mais cautelosa,

desfolha-se em mil pétalas de rosas.

Na noite, a tal quietude nos liberta...

Se a solidão é tida como certa,

saudemos o perfume dos lilases.

De mim, serei então, o que me fazes:

– Já pronto pra colheita. Assim tomara! –

Um campo de cultivo, uma seara.

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