SONETOS BÁRBAROS (De 22 a 28)
AMAR E VOLTAR
Entre carícias e beijos, somos o amor de duas vidas!
E dos meus ardentes lábios na tua pele a percorrer...,
Ficaram em minhas costas, as leves marcas feridas
Por suas unhas, em nossas loucas horas de prazer.
Sem que o clarão da lua deixasse de iluminar o coito,
Bebemos dos corpos alucinantes, os líquidos fluídos;
Com uma grande fome despertada pelo desejo afoito,
Amamos e caímos de êxtase, quase como destruídos.
Esse nosso adeus, não é ausência e nem eternidade!
E que deste lindo amor..., que Deus nunca nos prive,
Bem sabes tu que: Não a esquecerei, juro a verdade!
Saber viver é estar ao mesmo tempo amando e livre...
Trago-lhe imenso prazer ao retornar minha saudade,
Como abandonar esse amor, se por nós dois se vive?
O RAPAZ E A MULHER DA VIDA
Qual face mal dormida, ainda me olha na despedida;
A maquilagem que escorreu do suor do nosso amor...
Foi à aventura do virgem rapaz e a mulher da vida,
Que em nada aparenta pelo seu pavor em glamour.
Sonhos desfeitos por uma fatalidade desconhecida,
É ela em sua sina que me ensinou a ser um homem,
Dentro da sua tristeza pela sua imagem endurecida,
Onde pagam o prazer dos amores que se consomem.
Talvez me tivesse visto como um príncipe encantado,
Que a salvaria deste mundo errado de ilusões e usuras,
Onde o sexo na carne quente é preço do pouco trocado.
Fácil é a ternura fugir sem sentimentos pelas amarguras,
Só para realizar um desejo esquecendo o que foi amado,
Mas, ela é humana e ainda esta presa as suas desventuras.
CEMITÉRIO
Dentro deste campo aberto em cruzes fincadas,
Fecha-se a noite enluarada com funestos altares;
Tenho em meu leito as almas que foram tiradas,
E vejo em lento olhar, as lembranças seculares.
Como um manto de agonia veio à hora sem aviso,
Cubro lugares de um imenso vazio de despedida;
Tenho fortes saudades, porém de ti muito preciso,
Sou sua segunda casa antes da tua serena partida.
Ó noite de luar tão triste! Tua sombra é minha roupa,
Deixo nesta imagem também, a sanidade ficar louca,
Como o morto que se esvai, me olham sem luz e brio!
Mesmo que a dor seja grande a quem lhe deu adeus,
Eis que o teu conforto é o abraço caloroso de Deus...,
Pois aqui descansas em paz, mas, num terreno tão frio!
FÊNIX
Passei as horas esperando-o na janela,
Pensei que naquela noite ele não viria,
Procurei me conter e acendi uma vela,
Perdoando nossas brigas, senti alegria.
Postei-me numa cadeira e comecei a ler,
Páginas viraram leituras brancas, desisti,
Parecia que a tristeza insistia em me ver,
Procurava dormir, mas ele não estava ali!
Peguei a camisa dele e senti sua presença,
Postei minhas mãos em desespero, orando,
Pedi que viesse agora, a última esperança.
Pulei de emoção ao ouvir a porta batendo,
Produzi-me ligeira, eu sorria como criança,
Pedro entrou, me beijou, é amor renascendo.
FILHOS DA POESIA
Vejo os meus anos desbotarem como tinta...,
Nesta grande tela da vida qual eu fui pintado,
Na fúria louca desta imaginação tão faminta,
Poderão ler as linhas escritas do meu passado.
Verdes tempos que me tomaram as horas,
As maduras vezes em que retive conselhos,
Fui dono muito cedo de moças e senhoras,
Apanhei de mim e dos castigos de relhos...
Por ser moleque atrevido, mas sonho é magia!
E dentro desta minha euforia vivi a paternidade,
Filhos eu tenho, foram muitos da noite pro dia...
Essa lição me serviu, e sai rei da felicidade,
Quando a aurora anunciava, contigo dormia,
Poesias são esposas e amantes da eternidade.
A LUA DENTRO DE NÓS DOIS
Nas suas intensas manifestações que os nossos olhos conhecem,
Nasce à lua pura, majestosa..., trazendo paixão á flor das peles,
É só admirá-la, que os beijos e carinhos de nós já se apetecem,
Nada mais primoroso para enaltecer amores que hoje tu reveles.
Em sua luz penetrante vejo em teu corpo, os poros arrepiados,
Seus cabelos brilham e sua boca me pede em ofegante desejo,
Em seu semblante feminino somos adolescentes apaixonados,
Despimo-nos de julgamentos, se abraçamos e nada mais vejo,
De olhos fechados eu fico dentro de você, rumando ao prazer,
Infiltrados pelos raios do luar, saímos de nós, o amor a delirar,
Lua linda, que guia e nos inspira o sexo, na paz do amanhecer.
Faço minha saudação em plena alegria a você que me contagia,
Dos seus valores, tiro a prata que te dou de presente para casar,
Da sua mais inigualável soberania, tiro o amor que se fez magia.
MEU BARQUINHO DA INFÂNCIA
Os meus lindos dias da minha infância querida,
Já na voltam mais eu bem sei, aqui eu lamento!
Fica só na lembrança dourada esta fase da vida,
Onde aquela pura inocência me chora ao vento...
Quão trazido pelos rios..., ao sabor das correntezas;
E nas aventuras, o meu feliz barquinho que vagava,
Em meus límpidos lugares..., desfrutava das belezas,
Em minhas velas era eu levado, a tudo vislumbrava...
Coloquei as puras magias num baú velho encantado
Aportei num barranco de um imenso e lindo jardim
Levei o meu tesouro e deixei muito bem camuflado
Para que um dia descobrisse as recordações de mim
Soltei minha liberdade, barco em novo rumo tomado
Encontro-me bem mais distante, navegando sem fim.