O Fauno

Desta floresta branda, o sátiro previra

o despertar das ninfas, sussurrando a flauta,

tremem ondas azuis por ter Safo e sua lira

a cantar de prazer, pela noite que é alta.

Borda sons à capela, encantado, delira

o frondoso deleite em que a vista se frauta,

em delícias de sonho a planger a safira

engastada na relva, o palor em que esmalta

a profecia, a caverna e um Eros perdido,

a bailar os seus medos num grito brasido,

convertendo seu pranto em profundo martírio.

Em que cresto por Safo ao temor se tem ido,

e nas matas espanta as belezas do círio,

como espanta do peito o perfume de um lírio.