O LIVRO DO BOLSO ESQUERDO (Um protesto a metrificação da poesia).
Deixe-me lá, no canto esquerdo,
Ficarei a esperar que em saudades me venhas vê,
Como quem lê a mesma poesia por desejo,
Revivendo loucos momentos de um ser.
Um livro de bolso que portarás,
E que, quando em solidão, acariciarás,
Tal qual um dia foste acariciada,
Poderás chorar, sem dor, por nada.
Em pequenas páginas de grandes contos,
Em único volume que somos, tomo,
Essa saudade guardada no peito.
Imane instinto de leve existência,
Incontrolável viver de uma querência,
Só quem amou sabe o seu jeito.