SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE
Caiu no chão, espatifou de vez,
fez-se em mil cacos, nada sobrou dela;
foram-se as flores da blusa amarela,
foi-se o colar de contas, sem porquês.
Nem mesmo houve um óleo-sobre-tela
que eternizasse a face dessa Inês;
qualquer olhar, senhor de lucidez,
perceberia a morta que ela era.
E, uma vez morta, Inês, mais nada havia
da tal boneca que ela fora um dia
e, como tal, brinquedo e nada mais.
Um acidente... e tudo se desfaz...
e a vida segue como sempre foi:
primeiro o carro e depois os bois.
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