Revanche
 
 
 
 
Ah! o sentimento, como é duro,
é copioso - é sopro, sangue e osso -,
ajoelhado num altar ante os destroços
das manhãs inaugurais da vida!
 
 
A lembrança (acintosa lembrança!...)
é tenro abraço de bicho-preguiça;
eco moroso dos olhos, que torna viça
a natureza extinta da nossa infância.
 
 
Eu voltaria colecionar perigos, se menino;
mandaria uma jóia verdadeira à namorada;
construiria poemas de bastar-me numa rima...
 
 
Na areia, eu dormiria num leito da estrada
sob o sossego da lua – ainda um rosto de menina
que andaria nos céus a vigiar-me o destino.


Poema integrante do livro "Gênese de Poemas InVersos", ed. do autor, 2004.






Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 28/05/2012
Código do texto: T3693098
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