NA ESTRADA DE DAMASCO * Assumpto
Eu juro que não sei se sou ou se não sou
o barro que terás moldado com desvelo.
Não sei, mas sei que vivo e vivo aqui estou,
cansado de subir o monte e de descê-lo.
Mais juro não saber o tempo necessário
para cumprir o caos que tanto me atormenta.
Não sei, mas sei que o fel bebido no calvário
chegou à minha boca e já me dessedenta.
Por ti e contra ti, aqui me tens, sozinho,
sem medo da sentença injusta que ditaste.
Enfrento-te de pé, não mudo de caminho
e sou o que me deste e depois me negaste.
Este ser e não-ser é meu de parte inteira
e só me devo a mim na hora derradeira.
Viana+Évora*Portugal
Do livro em preparação: Na Estrada de Damasco