NA ESTRADA DE DAMASCO * Assumpto

Eu juro que não sei se sou ou se não sou

o barro que terás moldado com desvelo.

Não sei, mas sei que vivo e vivo aqui estou,

cansado de subir o monte e de descê-lo.

Mais juro não saber o tempo necessário

para cumprir o caos que tanto me atormenta.

Não sei, mas sei que o fel bebido no calvário

chegou à minha boca e já me dessedenta.

Por ti e contra ti, aqui me tens, sozinho,

sem medo da sentença injusta que ditaste.

Enfrento-te de pé, não mudo de caminho

e sou o que me deste e depois me negaste.

Este ser e não-ser é meu de parte inteira

e só me devo a mim na hora derradeira.

Viana+Évora*Portugal

Do livro em preparação: Na Estrada de Damasco

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 27/05/2012
Reeditado em 29/12/2018
Código do texto: T3691077
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