Soneto de espanto
"Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras"
(Castro Alves)
Oh! Quão dessemelhante estás, Planeta!
Longe do que tu foras já um dia;
Longe da Luz, do Tempo, d'Alegria;
Tu não me encantas mais como um Cometa!
Não me encantas mais como uma Trombeta
Que ressoa pelo ar sua harmonia.
Mas não tens culpa em tua Tirania...
Tão inerme és... Qual uma Borboleta.
A falta é toda antrópica... Que pena!
Que grã razão aí mortal existe?
A lógica vital não mais me encanta!
Quando olho para o Céu, vista serena,
Busco esconder-me deste quadro triste
Que em traços sepulcrais tanto me espanta!
*Decassílabos no ritmo heroico
27/05/2012