Fora do meu tempo

De repente me pego aqui,

outra vez sentindo a mesma saudade,

tão intensa como estranha na verdade,

por saber que é algo que eu não vivi.

E de novo, sem saber porque,

remexo em coisas do passado,

vasculhando os versos de um antigo fado,

procurando algo que não sei o que.

E alguma coisa dentro de mim

desperta ao som do bandolim

de um velho choro antigo.

São lembranças de um passado,

me confessa o dedilhado,

diz que já nasceu comigo.

E a canção me põe leve, levanta,

me leva pra uma antiga boêmia.

E a mesma estranha nostalgia

me aperta um nó na garganta,

que sufocando ainda insiste,

a cada respirar lembrar-me o som

do encher do fole de um bandoneón

cantando solitário um tango triste.

De repente me pego de novo

brigando, invocado com o novo,

me vem um pensamento:

Acho que nasci errado

e por chegar atrasado

ando fora do meu tempo.

GELComposicoes
Enviado por GELComposicoes em 22/05/2012
Reeditado em 27/05/2012
Código do texto: T3682826
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