Despedida

Apita o trem. O sino da matriz

ao longe, tristemente a gente ouvia.

Cortava-me o coração a agonia

e inda trago no peito a cicatriz.

Lembra-me bem o trem. Quando partia

eu me sentia morrer na tarde gris.

Fingi-me forte e disse: fala giz!

Ainda tenho essa fotografia.

Não haver concessões constrói o adeus.

Foi uma briga à toa e, por pirraça,

feneceram-se os sonhos seus e meus.

No aceno do até nunca a vida passa:

meus olhos, chorando, olham os seus

olhos enxutos presos na vidraça.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 22/05/2012
Reeditado em 17/08/2016
Código do texto: T3680927
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.