Despedida
Apita o trem. O sino da matriz
ao longe, tristemente a gente ouvia.
Cortava-me o coração a agonia
e inda trago no peito a cicatriz.
Lembra-me bem o trem. Quando partia
eu me sentia morrer na tarde gris.
Fingi-me forte e disse: fala giz!
Ainda tenho essa fotografia.
Não haver concessões constrói o adeus.
Foi uma briga à toa e, por pirraça,
feneceram-se os sonhos seus e meus.
No aceno do até nunca a vida passa:
meus olhos, chorando, olham os seus
olhos enxutos presos na vidraça.