Esse é meu jeito
José Edward Guedes
Hoje no escuro do meu quarto sinto falta
De um tempo curto, mas de plena primavera.
Tudo era simples, bom demais, vivia em alta,
De bem com a vida, tudo em cima, era o que era.
Mas veio o inverno, fiquei frio, fiquei triste,
Alheio a tudo, indiferente, sem amor.
Nenhum amigo, nem sinal... ninguém resiste!
Mas fui em frente, de mãos dadas com a dor.
Se não fiz dela diamante, justo e tal,
Fui bom ourives, estou sendo e até o fim
Vou ter que ir, esse é meu jeito, bem ou mal
Quem me condena, sabe não o que há em mim,
O que é ter pena, não deixar alguém penar,
Ter uma pedra bem no peito e não chorar.
Resposta de Edir Pina de Barros:
Calar a dor
Calar no peito a dor que pelos olhos salta,
só pode compreender quem já penou demais
guardando dentro em si os mais cortantes ais
sangrando por alguém que faz enorme falta.
Fantasma desse alguém, nos vem, e nos assalta
na solidão sem fim, que aumenta mais e mais,
mesmo sabendo que não voltará jamais
aos palcos do viver, às luzes da ribalta.
No peito reprimir a dor que viça e medra
no chão da solidão, por sobre a fria pedra,
só mesmo quem amou sem ser correspondido.
Só mesmo quem se deu qual rosa em primavera,
sem ter qualquer temor, sem cultivar quimera,
chorando sem chorar o grande amor perdido.
Brasília, 21 de Maio de 2012.
ESTILHAÇOS, pg. 58
Sonetos selecionados, pg. 80
José Edward Guedes
Hoje no escuro do meu quarto sinto falta
De um tempo curto, mas de plena primavera.
Tudo era simples, bom demais, vivia em alta,
De bem com a vida, tudo em cima, era o que era.
Mas veio o inverno, fiquei frio, fiquei triste,
Alheio a tudo, indiferente, sem amor.
Nenhum amigo, nem sinal... ninguém resiste!
Mas fui em frente, de mãos dadas com a dor.
Se não fiz dela diamante, justo e tal,
Fui bom ourives, estou sendo e até o fim
Vou ter que ir, esse é meu jeito, bem ou mal
Quem me condena, sabe não o que há em mim,
O que é ter pena, não deixar alguém penar,
Ter uma pedra bem no peito e não chorar.
Resposta de Edir Pina de Barros:
Calar a dor
Calar no peito a dor que pelos olhos salta,
só pode compreender quem já penou demais
guardando dentro em si os mais cortantes ais
sangrando por alguém que faz enorme falta.
Fantasma desse alguém, nos vem, e nos assalta
na solidão sem fim, que aumenta mais e mais,
mesmo sabendo que não voltará jamais
aos palcos do viver, às luzes da ribalta.
No peito reprimir a dor que viça e medra
no chão da solidão, por sobre a fria pedra,
só mesmo quem amou sem ser correspondido.
Só mesmo quem se deu qual rosa em primavera,
sem ter qualquer temor, sem cultivar quimera,
chorando sem chorar o grande amor perdido.
Brasília, 21 de Maio de 2012.
ESTILHAÇOS, pg. 58
Sonetos selecionados, pg. 80