Intento
Amanho o coração das lembranças
Tatuadas em pegadas pelo caminho,
Escritas pelo tempo em pergaminho
Retido no céu, cores e nuanças.
Deixo-me ir em nau sem rumo
E, mesmo aflita, não fujo ao prumo.
Mágoas imergem em infindo mar;
No pó de grãos, perdem-se d’olhar.
Sentimentos que corroíam mi’ alma
Quebraram-se à salinidade do mar
E o sol, ao vaporá-los, se espalma.
Largo-me da nau, torno-me asas;
Leve, retorno-me e, também, à vida;
D’ idos, pelo Tempo, sou absolvida.