Amigo EU
Diga-me quem você é: ouvirei tudo,
Mesmo que diga fútil inverdade.
Ouvirei sua inútil probidade,
E calarei a calúnia, sempre mudo.
Saberei muito, só terei, contudo
Escassa opinião, banalidade,
Alguns traços de séria ambiguidade,
Pois o elogio, não é muito sisudo.
Caro amigo, decrépto Narciso,
O olhar que foi o último reflexo,
Reverbera também iniquidade.
Esse sou eu, refém do vil sorriso,
Mais faces mil, além desse amplexo
que nos afoga em águas de vaidade.