NA ESTRADA
Faço duas viagens: uma enquanto
o ônibus vence estradas, e o destino
é somente um anseio de um menino,
e outra lendo num livro um belo canto.
A cada verso lido, um novo espanto.
Ergo os olhos e a vista - o desatino
do céu mais nuvens - me comove, fino
tecido entre o real, o verso, o encanto.
Mas sigo, velozmente, na viagem
dupla, penso que nada disso basta,
vou recolhendo tudo na bagagem...
No campo, a vastidão, o olhar que pasta...
Pasta também no campo da linguagem,
enquanto sinto o quanto a vida é vasta.
Garça (SP), 17 de maio de 2012.