Van Gogh
A quem fugiu de si não mais procura,
Para tudo condenar num ar profundo,
Aquilo que sentiu não ser do mundo,
Porquanto seu sentir não teve cura.
Recreação do medo que perfura,
E a aura desse olhar sequer tem fundo:
Se for em seu tocar, se torna imundo.
Se for em seu pensar, não mais perdura.
A tudo assiste em estranha alegoria,
O monólogo da cruz em seu destino,
E as noites de perversa nostalgia.
E topa no caminho, a realidade
Não pode conversar com o menino,
Porque a vida lhe roubou a claridade.