A um poeta

O encanto de um verso não está em sua arquitetura, mas nos seus reflexos sensoriais. Um verso, acima de tudo, deve ser lapidado em emoção, sentimentos, ternura...

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"Tu que dormes, espírito sereno,

Posto à sombra dos cedros seculares,

Como um levita à sombra dos altares,

Longe da luta e do fragor terreno."

(Antero Quental)

Brandura, em firme pedra, dilatada;

Dureza, em Água pura, percebida;

Fraqueza - em Ilusão endurecida;

Mentira - em Atitude ironizada;

Ternura vagamente desbotada;

Lágrima duramente enternecida;

Vil Memória, de súbito, esquecida;

Uma Ação friamente calculada;

Uma honra desprovida de Louvor;

Matéria bruta, em chamas, toda impura;

Um drama contemplado em seu Favor;

Um álacre Luar sem formosura;

Ventura convertida em negra dor;

Assim se faz um Verso sem Ternura.

*Decassílabos no ritmo heroico

10/05/2012

*Algumas considerações:

Este soneto foi inspirado, como o título já deixa evidente, no soneto "A um Poeta", de Olavo Bilac. Os versos transcritos acima não compartilham do mesmo ideal de Bilac, mas não reduzem em nada meu apreço por ele. Há aqui somente uma discordância de ideias, exposição de sentimentos e grande admiração por aquele que amou a arte somente em si....

(Innocencio Silva)

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 10/05/2012
Reeditado em 09/07/2012
Código do texto: T3660645
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