ESCURO

No escuro me furam teus olhos aflitos

por onde faíscam rancores insanos

que invadem o quarto, lançando seus gritos

noturnos e mudos de culpas e enganos.

Domina o recinto em negrume teu rito

sinistro de atar-me em teu braço tirano,

beijar minha boca e cuspir-me o conflito

do enlace, em meu cerne, entre santo e profano.

Em treva terrível te incrustas em mim...

Nas noites infindas que entrevam-me ao fim!

Ai, já não suporto esperar-te a partida!

Por que não libertas a luz do amanhã?

Por que me condenas a alar teu afã?

Por que não me deixas, ó medo da vida?

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 10/05/2012
Código do texto: T3659904
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