ESCURO
No escuro me furam teus olhos aflitos
por onde faíscam rancores insanos
que invadem o quarto, lançando seus gritos
noturnos e mudos de culpas e enganos.
Domina o recinto em negrume teu rito
sinistro de atar-me em teu braço tirano,
beijar minha boca e cuspir-me o conflito
do enlace, em meu cerne, entre santo e profano.
Em treva terrível te incrustas em mim...
Nas noites infindas que entrevam-me ao fim!
Ai, já não suporto esperar-te a partida!
Por que não libertas a luz do amanhã?
Por que me condenas a alar teu afã?
Por que não me deixas, ó medo da vida?