Gândara deserta

Caminhei pelas gândaras desertas

Do sonho em que vivia: o acaso vinha,

Com refulgências tímidas, incertas,

Mostrar-me a estrada, quando eu me detinha.

Pairavam no ar as rosas entreabertas

Que ao sol florescem, quando se avizinha

A sombra. Nuvens de palor cobertas

Surgiam. Era o luar. Ó noite, és minha!

E dizia: - Viver eu posso agora,

Até que a morte venha amortalhar-me,

Outra vez, áurea túnica de aurora...

Posso sentir, em plena noite nua,

Todo o fluido vital que há no meu carme,

Que é como um beijo trágico da lua!

ROGERIO WANDERLEY GUASTI
Enviado por ROGERIO WANDERLEY GUASTI em 08/05/2012
Código do texto: T3657320
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